Ainda doía quando escrevi. Já
reparou que coração partido faz isso? Rende música. Texto. Quadro. Fotografia.
No mínimo, um dia em silêncio, debaixo das cobertas, acalmando a alma e vendo
filmes que, antes, a gente não tinha tempo, ou vontade, ou disposição pra ver.
Olha só que coisa bonita essa: até o seu fim me rendeu alguma coisa.
Eu não
sou dessas pessoas que mendigam atenção. Que dirá implorar amor, essa coisa que
a gente não controla, não é? Prefiro ser abandonada a viver a ilusão eterna de
um amor que não existe. Ou ajoelhar e pedir que, por favor, pelo menos finja.
Fica, tenta, vira aí alguma chavinha que te faça me amar. Não, eu não sou
dessas. Ou fica porque quer ou vai sem nem pensar.
Li em
algum lugar esses dias que a gente conhece mais alguém pelo jeito que ele vai
embora, não pela maneira que chega. Tive que concordar. Afinal, quem chega tem
sempre um sorrisinho, uma frase amiga, uma simpatia exagerada. Quem chega tenta
maquiar defeitos, esconde os buracos, tampa as imperfeições. Quero mais é saber
do caráter de quem vai no meio de lágrimas, gritos, pratos quebrados, brigas,
bebidas, e juras de “eu nunca mais quero te ver”. É disso que eu quero saber.
Tenho
de admitir que, no meio do caos todo, você se manteve você. Fui eu que quebrei.
Despedacei. Achei que cê era super bonder, quando, no fundo, não passava de
cola tenaz. Mas olha só: cê me rendeu meia dúzia de textos, compartilhamentos
no Facebook, seguidores no Twitter, elogios até da minha mãe.
Por
isso, vai. Vai com Deus e vai com calma. Numa boa. Tá tranquilo. Pode ir sem
nem olhar pra trás, que aqui eu trato de me remendar. De novo e de novo e de
novo, quantas vezes precisar.
1 comentários:
Lindo texto faz nos refletir!
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