Tô esperando o dia
que isso vai passar. Isso aqui, que falo descarada e cifradamente, mas sempre.
Isso que espalho em cada linha, o tempo todo, o muito peneirado ao longo desses
dias todos, soando pouco mas sem parar, nos intervalos dos reais intervalos. Tô
esperando acabar, passar, morrer, sangrar até o fim. Esperando o tempo que
acalma chamas com seus ventos de mil pés distantes. Esperando alguém que ocupe,
distraia, desacorrente, solte, substitua, torne nada demais. Esperando não
sentir mais ódio e nem tesão e nem ciúme e nem saudade. Esperando porque é o
que resta mesmo, não é falta de coragem, não é de se fazer, é de se sentir e
só. Nem sempre a força de um amor é pra sair às ruas, pra viver histórias. No
meu caso, sozinha mesmo, preciso ninar esse enjôo que nunca passa. A gravidez
do coração dura mais do que deveria e só expulsa seus filhos quando esses já
nem existem mais.
O amor é que, se tivermos coragem pra deixar,
resolve aos poucos a gente.
“Às vezes sinto falta às vezes acho que é um
alívio estar longe.”
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